Orisa Osalufan com seu cajado sagrado
AWON ORISA

DA NOVA LEI DIVINA

Não vou ler agora

         Assim como o Ser Astral ao desencarnar é levado a julgamento, controle e reajustamento de sua Soma de Ações em seu Tribunal Inferior, também as coletividades religioso-espirituais são controladas, julgadas e reajustadas pelos Tribunais Astrais Superiores, sob a supervisão da Confraria dos Espíritos Ancestrais.

         E foi precisamente isso que ocorreu quando a Confraria dos Espíritos Ancestrais aferiu e julgou certos aspectos sombrios que estavam influindo negativa e poderosamente sobre a Soma de Ações Religiosas-Espirituais, Grupais e Individuais das criaturas adeptas ou praticantes das Seitas Afro-Brasileiras.
         Desse aferimento resultou a ordem para a interpenetração de uma nova Corrente Astral nesse meio, a fim de opor resistência e mesmo combater os endurecidos Magos Negros do Baixo Astral, que haviam sido atraídos para esse meio, dada a confusão espiritual e mental que a mistura de muitos ritos, deturpados e vilipendiados, propiciou, através da deturpação do ancestral sistema de oferendas rituais por quem não mais lhe conhecia os segredos, as regras, a finalidade e os limites.
         A nova Corrente Astral formou-se com Espíritos antiqüíssimos que haviam acumulado os adequados conhecimentos de Magia, através de reencarnações sucessivas nas três raças afins a essa coletividade religioso-espiritual das seitas Afro-Brasileiras : a raça vermelha, a raça negra e a raça branca.
         Foram convocados os seres espirituais que já haviam encarnado como ancestrais Pajés da Raça Vermelha, como os sábios Babalaôs da Raça Negra e como grandes Condutores Morais da Raça Branca para proceder a um processo de reajuste espiritual, pelo qual aplicar-se-iam as Leis de Deus a Seres Astrais desencarnados alimentando ainda sentimentos de vingança, ódio racial, prepotência cruel e ambições desenfreadas, causadas pelo conflito racial que houve entre estas três raças durante a tormenta histórica da escravidão.
         Com o massacre da raça vermelha e com a escravatura da raça negra no Brasil Colonial, em sua maior parte, os descendentes de negros e índios acabaram por conformarem-se com a sua triste sina e curvaram-se sob o peso das algemas do trabalho escravo que lhes era imposto por um sistema social injusto e odioso.
         Outros, porém, jamais se conformaram e, além de reagirem com ódio e a violência física, pouco a pouco degeneraram suas antiqüíssimas práticas religiosas, passando a invocar tudo o que pudesse de pior existir no Mundo das Trevas, a fim de prejudicarem de qualquer forma seus opressores.
         Foi assim que, tentando saciar seus desejos de vingança, movimentaram quantas formas maléficas puderam, invocando as Entidades das Trevas que conheciam por “Kiumbas”, aos quais deram condições de ação e forças desmedidas, através de um cruel, baixo e violento sistema de oferendas, totalmente deturpado de suas formas ancestrais.
         Todas as vezes que os brancos reconheciam os autores de tais práticas, perseguiram e eliminavam os identificados, aumentando ainda mais a violência e a opressão que, mais e mais, alimentavam o desejo de vingança e o ódio racial.
         O desajuste racial, astral e religioso a que nos referimos anteriormente avolumava-se, criando assim a oportunidade da continuação da opressão e da desmedida violência de ambas as partes, originando-se uma nova forma de ação nefasta do Baixo Astral sobre a face da Terra e que nenhuma religião da época, no Brasil, tinha condição de enfrentar com êxito, por serem partidárias e beneficiárias da escravidão.
         A “crença” interesseiramente difundida de que o negro não tinha alma, o ódio pela “pagelança” dos índios, o desprezo pelo conhecimento esotérico dos Cristãos Novos, aliados à falta de uma fé verdadeiramente cristã por parte dos governantes à época, alguns sabidamente de baixa estirpe e totalmente desafetos de educadores cristãos do gabarito dos Jesuítas, formou a base da incapacidade de reação espiritual à ação maléfica dos “Kiumbas”.
         Ergueu-se, assim, dos confins do Mundo das Sombras, sob impulso do ódio, da maldade, do sangue e da ignorância, uma corrente maléfica que atraiu os piores Magos Negros de todos os tempos, formando-se a “Kimbanda” que é a Corrente de Reação Perversa das Raças Martirizadas.
         E assim em cada negro, índio, mestiço ou branco, desencarnado pela violência, na dor e no ódio, ganhava a “Kimbanda” um novo agente que iria cobrar aos seus irmãos de cor o prejuízo e o desencarne de seu culpadíssimo inimigo que, por sua vez, também ia engrossar as fileiras dessa falange maldita.
         Foi em auxílio a essas coletividades humanas que, no Brasil, se achavam em conflito até no Mundo Astral que a Misericórdia Divina ordenou o Conjunto das Leis Divinas.
         Espíritos de grande elevação e maior humildade, infiltrando-se nas diversas modalidades de cultos religiosos, usando a forma de apresentação de Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, conforme o meio ambiente reinante afim de serem mais prontamente aceites e melhor compreendidos, foram revelando e aplicando no seio dessas coletividades esse Conjunto de Leis Divinas, a quem denominavam por Aum-Bhan-Dan.
         Deste som sagrado AUM-BHAN-DAN no linguajar misto de muitos dialetos desses cultos originou-se uma nova palavra UMBANDA que associou-se à uma nova postura religiosa de verdadeira Humildade, necessária Simplicidade e benfazejo Perdão.

Mana, Axé e Benção
Baba Oberefun Si Okojumide

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