"Eu esbarrava em um forte preconceito cultural anti-africano, o qual classificava tais origens pejorativamente como "africanismo."


 

 


"O Òrìsà Òrunmilá Ifá não se encontrava incluído dentre os sete nomes principais que atribuíamos aos Orixás Ancestrais na Umbanda Esotérica."


 

 


"Sentia-me um prisioneiro no quarto fechado do conhecimento alheio."


 

 


"Dentro de mim eu carregava as inter-relações de Destino de antepassados índios espoliados, de negros escravizados e de brancos opressores.".


 

 


"Eu, que já era um Mestre de Linha de Umbanda, forjei-me então em Bàbál'awo e Pajé, mas também transcendi à eles como um Místico do Esoterismo de Umbanda!


 

 


"As denominações Tupan, Zambi, Olòrun, Allah e Jeovah são nomes diferentes nos quais diferentes raças expressam o mesmo conceito de Deus Único, Onipotente e Onipresente."


 

 


"O conhecimento místico atual das religiões de origem Afro, na América do Norte e América Latina, é tal qual "águas barrentas", dizia-me ele."


 

 


"A fraqueza humana que precisa sentir que o seu próprio modo é o melhor ou o único modo, diminui o potencial do Àsé de todas as Divindades".


 

 


"Esta posição de árbitro da Espiritualidade me faria, em vez de navegante do Rio do Conhecimento, um náufrago, não em "águas barrentas", mas em águas estagnadas".


 

 


"Tenho como Ponto Básico que a Espiritualidade pode se expressar de muitas formas diferentes".


 

 


"Em última instância, importa aos beneficiários destas transformações que palavras e em que língua, que ritual ou quais oferendas realizam essas benesses?


 

 



"A Sabedoria dos Orixás não é algum Mistério Antigo, congelado ou encapsulado no tempo. Ela é eterna e infinita, sempre pertinente ao tempo e condições em que é aplicada".


 

 

 


"Quando minha Ori Òrun (cabeça-no-além) se "ajoelhou" perante Olòrun foi para pedir-Lhe que me concedesse a honra de poder tornar-me um Ancestral do Futuro".




A Armadilha do Tempo Passado

        -"Para a maioria dos ocidentais que buscam entender e se beneficiar de práticas religiosas que, em sua maior parte, perderam-se após a Revolução Industrial e Cartesiana, é uma armadilha fácil pensar que Sabedoria Mística é coisa dos Antigos. Outra armadilha mais fácil ainda é pensar que só se identificando ou achando os textos, as orações, os oferecimentos em suas formas e linguagem absolutamente originais, nós poderemos esperar reproduzir os resultados místicos que eram comuns entre povos que viveram à milhares de anos atrás. Pensar e agir assim é, realmente, uma armadilha e significa enveredar por uma rua de mão única em direção a um destino inatingível!  Esta armadilha é armada por preconceitos culturais e por aqueles que precisam se sentir "melhor" do que os outros membros da raça humana"-.

(Baba Ola Olu / Philip Neimark, em março/1998)


( Se não quiser ler agora, vá para os links no final da página )


O Ancestral do Futuro

        Desde cedo, eu experimentei junto a mim a "presença" do Òrìsà Òrunmilá, ao qual hoje sou especialmente devotado. Mas, sentia-me confuso quanto a isso especialmente quando me achava entre Espiritualistas meus confrades e com eles discutia a essência de nossa própria forma de louvação bem brasileira aos Orixás: a Umbanda Esotérica.
        Freqüentemente, nesses momentos, quando eu respeitosamente questionava meus maiores com relação às origens de certos rituais dos Orixás cultuados na Umbanda Esotérica, paradoxalmente eu esbarrava em um forte preconceito cultural anti-africano, o qual classificava tais origens pejorativamente como "africanismo" e que era mais sucintamente expressado pelo enunciado de que os conhecimentos africanos estavam 300 anos fora de sintonia e que, agora, éramos "nós" os que atualmente detinham os reais segredos do poder místico.
        E a origem desta minha interrogação era que o nome do Òrìsà Òrunmilá Ifá não estava incluído dentre os sete nomes principais que atribuíamos aos Orixás Ancestrais na Umbanda Esotérica: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Yemanjá, Yori e Yorimá.
        Tal relação de nomes hierárquicos era a honrada convicção daquele grupo naquele tempo e tudo em nome de uma Sabedoria que consideravam mais antiga ainda do que a Africana: a Sabedoria Esotérica Heleno-Semita. Eu acabava por me conformar com tal "convicção", mas sentia-me um prisioneiro no quarto fechado do conhecimento alheio. Um dia senti que deveria sedimentar minhas próprias convicções! Decidi iniciar minha própria jornada à procura de conhecimentos, mas não tinha parâmetros definidos.
        Eu só tinha dúvidas que me atormentavam:

  • Por que um Òrìsà que não era cultuado na Umbanda Esotérica "gritava" em minha "cabeça" tradições que não eram as de meus ancestrais raciais?
  • Por que um adivinho, de determinada religião afro-brasileira, afirmara que eu era um Bàbátundé, sem que nenhum de nós dois soubéssemos, à aquela época, que tal palavra significava "Pai que retornou" ???
  • Por que uma Entidade Espiritual da Umbanda, insistia que eu fosse submergido na Eerupee, a Lama, quando nenhum de meus Mestres conhecia um tal ritual?

        Então, em minha jornada que pensava solitária, pois que, na verdade, não me dava conta de estar sendo guiado por Mestres Espirituais desencarnados, deparei-me novamente com um aforisma esotérico que antes me parecera banal: "Conhece a ti mesmo!"
        E, desta vez, fez-se luz em minha mente: como eu poderia conhecer o mistério dos Orixás se eu ainda não havia decifrado o enigma de mim mesmo?
        A reflexão sobre este ponto fez-me assumir o problema de minha própria alteridade bem brasileira: se eu acreditava na Reencarnação, tinha que assumir que dentro de mim eu carregava a inter-relação das marcas da herança espiritual do indígena espoliado, do negro escravizado e do branco opressor! No entanto, eu fora levado a aceitar como verdadeira a supremacia única da herança espiritual helena-semítica, consubstanciada na Umbanda Esotérica, em detrimento de todas as outras.
        E esta minha jornada à procura de conhecimentos levou-me a explorar, descobrir e assimilar as convicções de raiz das etnias africanas Bantu e Sudanesa, bem como também as convicções de raiz da raça indígena brasileira Tupi-Guarani e as dos Egípcio-Heleno-Semita que realmente compõem os Três Pilares da Umbanda Esotérica, constituindo-se na Filosofia das Forças Vitais da Natureza.
        E, assim, eu que já era um Mestre de Iniciação da Umbanda, forjei-me também em Bàbál'awo e em Payé, mas também transcendi a eles como um Místico do Esoterismo de Umbanda!
        Foi então que pude preencher a lacuna da existência do Òrìsà Òrunmilá Ifá na Umbanda Esotérica por compreender que sob a denominação de "Yorimá", o qual, neste credo, é "Patrono" da Falange dos "Pretos-Velhos", primeiramente existia a figura do Òrìsà Obaluàiyé, o Senhor da Terra da Vida, e, acima dele, a do Òrìsà Òrunmilá Ifá, o Senhor dos Destinos Humanos.
        Da mesma forma, a denominação "Yori" atribuída à Falange das "Crianças" da Umbanda e cujos "Patronos" são São Cosme e São Damião, havia eclipsado os Gêmeos Sagrados Ibeji, chamados Taiwo e Kehinde! Também os Ere e os Tobossi africanos haviam sido sincretizados no terceiro gêmeo africano - Idowu - aquele que, na Umbanda, é conhecido por "Doum"!
       Axé! Eu havia realizado minha própria síntese religiosa esotérica!
       A partir dessa síntese, confirmei a mim próprio o que já presentia: que em termos de Esoterismo de Umbanda, as denominações Tupan, Zambi, Olorun, Jeovah e Allah são nomes diferentes nos quais diferentes raças expressam o mesmo conceito de Deus Único, Onipotente e Onipresente!
        E quer os chamemos por Guaracy, Yacy e Rudá - Xangô, Yemanjá e Yori - São Gerônimo, N.S. da Conceição e São Cosme e São Damião, todos são os mesmos Seres Espirituais de Origem Divina para os que assim os chamam e que todos eles, incluídos os demais restantes, eu posso agrupar sob a denominação genérica e atual de Orixás Ancestrais, sem com isso estar ofendendo, por diminuir ou engrandecer, nenhuma corrente religiosa. O ponto de semelhança entre eles é inquestionável em sua grandeza: Deus!
        Passou-se o tempo e, nos dias atuais, eu esperava que todos nós praticantes da Filosofia das Forças Vitais da Natureza já tivéssemos crescido em conhecimentos e que, após 30 anos, pudéssemos enfocar as semelhanças básicas daquilo em que cada um acredita e desta forma ter respeito pelas diferenças críticas em nossas práticas religiosas individuais.
        Mas, a tempos atrás, eu senti, melhor dizendo, eu li, nas palavras de um Ifa Bàbál'awo altamente educado e respeitado, missionário africano baseado na Califórnia - EUA, quase o mesmo antigo preconceito cultural que havia tentado me "enjaular" no passado, só que em sentido inteiramente oposto.
        Em sua honrada convicção, ele generosamente estendia sua mão aos descendentes daqueles que haviam sido exilados de suas pátrias pela diáspora da escravidão, expressando em forma de parábola a convicção de que o conhecimento místico atual das religiões de origem Afro, na América do Norte e América Latina, era como "águas barrentas": este conhecimento místico tinha tido seu valor na sustentação da crença nos Awon Orisa no período de provações, mas agora era dispensável porque, através daquele que assim se expressava e de seus confrades, todos poderiam beber a "água límpida" da Antiga Sabedoria Africana.
        Esta é a honrada e generosa convicção daquele Bàbál'awo e seus confrades. Mas, após quase 400 anos de sangue, suor e lágrimas para ter o direito de expressar livremente nossas crenças religiosas neste Brasil, não pude aceitar a implicação, subentendida em suas palavras, de que as convicções de cunho exclusivamente africano são as únicas de real valor ou sabedoria.
        E, então, meditando sobre todos esses desencontros espirituais, passados e presentes, operou-se em mim nova síntese suplementar: eu resolvi, sem abrir mão dos títulos de Mestre Itaoman e o de Bàbál'awo Bàbátundé por mim conquistados na Umbanda Esotérica, adotar os simples nomes espirituais de Oberefun Si Okojumide (Yoruba) e Piron (Tupi-Guarani) e que me foram outorgados e mandados usar por meus Mestres Espirituais como "sêlos de proteção" e "penhor de perdão" alcançado por meus erros passados, através de meus méritos passados, presentes e futuros.
        O primeiro nome - o africano - me foi revelado num Jogo de Búzios por um "Preto Velho", Pai Vicente de Angola (etnia Bantu), mas é expresso em Yoruba (etnia Sudanesa) significando "Aquele que rezava para o navio aportar logo", tamanho fôra seu sofrimento e horror a bordo do navio negreiro, horror e sofrimento estes que foram comuns a todos na Diáspora Negra. Louvo aqui àquele Bàbál'awo que "A da Ifá fun" ou "criou Ifá para mim" com o Jogo de Búzios, mais correto e imparcial que já ví em toda minha vida.
        O segundo nome - o indígena - significando "Falcão", revelou-me diretamente meu Mestre Xamânico Espiritual Caboclo Pedra Preta, em uma visão astral na contra-partida espiritual de nossa Cachoeira Sagrada na "Terra da Pedra da Cruz de Fogo", que é o que significa o topônimo "Itacuruçá", cidade berço e sede da T.U.O. - Tenda Umbandísta Oriental aonde pontificou meu Mestre Yapacani na Corrente das Santas Almas Benditas do Cruzeiro Divino.
        Adotei-os porque eles representam a angústia e o desespêro, mas também toda esperança daqueles que tiveram de fazer a longa travessia do oceano para serem escravizados em terras estranhas e aí aprender e aceitar as individualidades religiosas ancestrais de cada grupo étnico já aqui existentes, também massacrados e espoliados de seus direitos, mesclando seus conceitos espirituais em uma nova forma religiosa momentânea que lhes desse um ponto de resistência comum, transformando-a assim em semente de sobrevivência espiritual para seus descendentes.
        E assim o fiz porque senti que em ambos os casos anteriormente relatados, separados por quase 30 anos, a fraqueza humana que precisa sentir que o seu próprio modo é o melhor ou o único modo, diminui o potencial do Mana (Força Mágica Indígena), da Benção (Cristã), da Mandinga (Banto) e do Axé (Yoruba) de todas as Divindades, porque exclui o conhecimento ou a sabedoria de qualquer outra pessoa ou grupo diferente daqueles que se erigem em árbitros da Espiritualidade.
        Se eu também me colocasse nessa posição de árbitro do que vale a pena ou não, nunca poderia avaliar o trabalho de outros, cujas prática e ritual podem diferir honestamente do modo como encaro a Realidade Paralela, porque agir desta forma seria o mesmo que auto questionar a própria autoridade absoluta da qual eu pudesse me sentir investido.
        E, assim, aumentei meu conhecimento espiritual sobre mim mesmo, pois resolvi não ficar congelado em minha prática ritual, recusando-me a usar sempre e sempre as mesmas experiências passadas dos outros, sem nunca acrescentar nada de bom ao Porvir. Pois, esta posição de árbitro da Espiritualidade me faria, em vez de navegante do Rio do Conhecimento, um náufrago, não em "águas barrentas", mas em águas estagnadas!
        E eis o que o conhecimento de mim próprio me ensinou:
        Acredito em Deus: Único, Absoluto, Onipresente e Onisciente seja qual for o Nome que a Humanidade Lhe atribua através dos Tempos e Lugares.
        Tenho como minha Verdade que Ele reflete sua Infinita Bondade pelo Universo de sua Criação, através de Seres Espirituais de Origem Divina a quem denomino de Orixás Ancestrais.
        Compreendo o Mana, a Benção, a Mandinga e o Axé (Forças Espirituais dos Caboclos de Pena, dos Frades, dos Tata d'Inkice e dos Orixás Ancestrais) como Energia Vivente, Atuante e Onipresente em Nome de Deus por todo o Universo, não como estórias dos Contos da Carochinha de qualquer origem!
        Tenho como Básico que a Espiritualidade pode se expressar de muitas formas diferentes. Aceito que grupos diferentes que, por diferentes razões, começaram a usar este "feixe de energias" de modos diferentes, agem de modo perfeitamente lógico: simplesmente é um reconhecimento das condições e realidades atuais donde eles praticam as suas convicções.
        Acredito que todas as Entidades Espirituais Superiores entendem as mudanças de comportamento, meios e palavras que foram impostas aos descendentes de seus antigos fiéis por meios sociais adversos como conquista, escravidão e colonização, não ficando passivas e ferreamente agarradas ao Passado como se fossem seres humanos.
        Afirmo que Elas são o Eterno Presente, seja de que forma esse Presente se afigure a cada um dos humanos!
        Decidi que em vez de enfocar meus esforços nas diferenças em ritual, palavras, idioma ou oferendas, prefirei sempre enfocar o fato de que, se o que se pratica é feito com carinho e devoção, com caráter e consideração, os resultados serão realizados!
        Assim, vidas podem ser melhoradas; enfermidade pode tornar-se saúde; pobreza pode dar vez à abundância; ignorância pode ser mudada em conhecimento. Em última instância, importa aos beneficiários destas transformações que palavras e em que língua, que ritual ou quais oferendas realizam essas benesses???
        Mas, ainda hoje, cada grupo religioso atual tende a rejeitar muita coisa de outro grupo por causa das diferenças que lhes foram impostas pela realidade do cotidiano, cada um achando que a "sua" própria maneira é a "única" correta, e, muito freqüentemente, os homens põem em julgamento não os resultados, mas sim se eles foram obtidos pelos meios que eles acham os únicos corretos. Se esses meios não refletirem seus próprios modos, serão capazes de negar que aqueles resultados foram propiciados pelas Divindades e dirão, do alto de sua Antiga Sabedoria: pura sorte!
        Fé na Essência da Sabedoria Divina dos Orixás Ancestrais, prefiro eu dizer!  Pois, se nós aprendermos a utilizar e trabalhar com estas energias viventes da Realidade Paralela na Realidade em que hoje nós vivemos, para mim, os modos antigos já mudaram: eles já não são mais Antiga Sabedoria e sim, simplesmente, Sabedoria.
        E, desta forma, conhecendo a mim próprio, resolvi o paradigma de minha crença pessoal: a Sabedoria dos Orixás Ancestrais não é algum Mistério Antigo, congelado ou encapsulado no Tempo. Ela é Eterna e Infinita, sempre pertinente ao Tempo e Condições em que é aplicada.
        Assim, o Odù [Fundamento de Tradição] de um Jogo de Ifá "lançado" para um indivíduo no ano 2000 tem pouquíssima referência com a forma "específica" deste mesmo Fundamento de Tradição de Ifá de 500 anos atrás em uma cultura totalmente diferente: deste Fundamento de Tradição de Ifá, só me resta aceitar a "essência de sua sabedoria". Ou seja, os Awon Odù, viventes e atuais, devem ser aplicados e interpretados em relação a energia de um Ser Humano que vive no tempo presente e em relação à forma cultural a que ele pertence. O mesmo se aplica a seus rituais e orações. E isto é saber aplicar a Essência da Sabedoria dos Fundamento de Tradição de Ifá, quando nos diz no Odù Ogunda Méjì:

-"Ifá, quem é capaz de levar alguém ao Infinito e
estar sempre acompanhando esta pessoa?
"-

        E da compreensão de todas essas Essências dos Odus, adveio-me o auto conhecimento que o Òrìsà Òrunmilá Ifá me concedeu, pois hoje eu sei que quando minha Orí Òrun ("Cabeça-no-Além") se "ajoelhou" perante o Todo Poderoso e Misericordioso Olòrun foi para pedir-Lhe que me concedesse a honra de poder tornar-me um Ancestral do Futuro, por ser um dos compiladores do marco atual brasileiro de uma nova maneira de sentir, pensar, traduzir e expressar a Sabedoria dos Orixás Ancestrais, trazendo-a para a compreensão deste povo, neste tempo, neste dia e nesta hora.
        E, ao estender a todos os que aqui lêm a oportunidade de Auto Conhecimento, através deste "Espelho Mágico Virtual", eu estarei bem cumprindo o meu Destino nesta Terra-da-Vida.  Que tu procures bem cumprir o teu, se ele for, como o meu, o de estar sempre aprendendo, uma vez que aquele que só sabe ensinar é porque nada aprendeu!

   Mana, Benção, Mandinga e Aché.
Itaoman
Piron
Babatunde Oberefun Si Okojumide
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